Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
José Nogueira, é um artesão natural da Freguesia do Gôve, do Concelho de Baião e tem o sonho de um dia expor a sua "horta do avô", trabalho este que reproduz em miniaturas alusivas às hortas e quintais que estão na memória de todos nós.
O seu grande sonho, é poder terminar essa horta e expo-la em público, nomeadamente nas festas locais e concelhias, sendo que é dedicada, com todo o amor e carinho, aos seus netos que viu partir, devido ao contexto atual da emigração e que, como ele refere, "lhe tirou o sono e a alegria de viver", refugiando-se, noite após noite, no artesanato.
O artesão pode não deter uma educação técnica aprofundada, nem mesmo possuir as ferramentas mais evoluídas, mas tem um grande dom. Tem o dom de, apenas com a ajuda de ferramentas e instrumentos, tantas vezes rudimentares, e com recurso à matéria-prima que a natureza lhe disponibiliza, criar excelentes e únicas obras de arte que, usualmente, conhecemos como artesanato.
O fruto da sua imaginação e da sua criação, busca reproduzir a interação entre o contexto no qual ele está inserido e o reflexo da sua e da nossa vida social e cultural, produzindo, assim, um produto singular e autêntico.
Para além do desenvolvimento e construção da "horta do avô", o artesão José Nogueira dedica-se a criar réplicas de todos os andores que conhe
ce ou que lhe pedem, estando disponível para vender algumas destas afetuosas peças por se encontrar desempregado e necessitar de recursos para adquirir mais matéria-prima para trabalhar e conseguir acabar a "horta do avô".
O andor, também referido como charola, é uma estrutura, em geral de madeira ou doutro material leve e resistente, em forma de padiola portátil e ornamentada, em que nos cortejos religiosos se transportam ao ombro as imagens e ícones. Os andores são em especial usados nas procissões católicas, nas quais assumem um lugar central. Podem ser estruturas simples e de pequena dimensão, em geral destinadas a serem transportadas sobre os ombros de quatro pessoas, ou ser grandes estruturas, muito elaboradas e complexas, como os pasos das procissões espanholas da Semana Santa, ou como os grandes andores da Senhora da Aparecida, em Losada ou como os da Senhora da Pena, em Vila Real, os quais já ultrapassam os vinte e três metros de altura, estão perto dos cinco mil quilos de peso e são necessários cerca de cem homens para o transportar e que até já figuram no famoso livro do Guiness.
Os artesão são seres mágicos, sendo que, de um pedaço de pouco fazem muito. Enrolam fios invisíveis com os dedos, agitam as mãos em feitiços silenciosos, afagam com a sua pele penas e minúncias. Cada objeto é um. Cada objecto é da sua mão. Cada objeto nasce por sentimento, inimidade e magia. E todos eles exercem em nós esse supremo fascínio.
É desta forma simples que queremos homenagear todos os artesãos. E aos nossos mágicos, dizer MUITO OBRIGADO POR TUDO QUE FAZEM.
Qual é a magia de ser artesão?
“Ser artesão é a fusão do pensamento com o sentimento, a magia de tornar o inútil útil” – Fernando Ganhão
“É por mãos à obra e fazer aquela peça no momento e com o sentimento certo” – Manoli Ortiz
“Ser artesã é desenvolver uma criatividade sem limites. É uma terapia excelente para a saúde. E reviver o passado transporta-nos para o presente” – Otília Cardeira
“Ser artesão? Ter arte? É sentir o prazer de dar forma e vida a algo que não a tem” – Francisco Eugénio
“Ser artesão é uma arte / Diz o povo com razão / Pela minha parte é feito com dedidação” – Júlio Faustino
“Ser artesã / É gostar e ter imaginação / Trabalhar com alma e amor / O que vai no coração” – Artesãs Da Torre
(projeto TASA)